Nas últimas semanas, alguns criadores do TikTok receberam mensagens da plataforma incentivando-os a começar a criar vídeos de mais de um minuto e (pasmem!) na horizontal.
Pois é, a rede social que ficou famosa pelos vídeos de 15 segundos responsáveis por liberar dopamina em mais de 1 bilhão de usuários em todo o mundo está mudando a sua maneira de entregar conteúdos.
De acordo com o próprio comunicado enviado pelo TikTok, a partir de agora, vídeos na horizontal com mais de um minuto de duração serão passíveis de um número maior de visualizações.
Mas e na prática, o que isso significa? Para boa parte dos usuários, significa que se eles continuarem criando vídeos verticais de 15 ou 30 segundos, o algoritmo não entregará esses conteúdos ao público, diminuindo significativamente o número de views. Esse, infelizmente (ou felizmente?), é um fato consumado. A maneira como os criadores produzirão conteúdo para o TikTok deve mudar completamente nos próximos meses. A era dos vídeos vazios em significado, importância e relevância está prestes a acabar.
Essa estratégia indica o desejo da plataforma em tornar-se concorrente direta do YouTube e dos serviços de streaming. E o objetivo pode ser mais otimista ou mais pessimista. Na minha opinião – uma millennial que trabalha com criação de conteúdo desde quando o Facebook era o auge – existem duas possíveis justificativas: 1) melhorar a qualidade dos conteúdos e gerar maior engajamento ou 2) aumentar o tempo de tela para oferecer mais espaço aos anunciantes.
Para as marcas, essa mudança serve como um aprendizado. Apostar tudo no que as plataformas têm a oferecer nem sempre é o caminho, afinal, do dia para a noite elas podem simplesmente decidir não entregar mais o tipo de conteúdo que estava gerando views infinitos para a sua conta até então.
Além disso, planejamento precisa ser uma palavra de ordem para qualquer tipo de empreendimento. Eu costumo dizer que qualidade deve estar acima de quantidade em qualquer esfera. Sua empresa não precisa estar em todas as redes sociais, seguir todas os “hypes”, publicar 8 conteúdos por dia ou querer “inventar a roda” na hora de criar conteúdos – já falamos aqui sobre o fato de que criatividade sem propósito não é benéfica para nenhum negócio. Se você apostar no básico bem assertivo, as chances de gerar bons resultados são muito maiores do que se “atirar para todos os lados”.
Essa atualização do TikTok também serve como um alerta para nós, profissionais da comunicação. Conteúdos em vídeos curtos nem sempre oferecem a possibilidade de pensar fora da caixa ou de gerar narrativas envolventes. Na maioria das vezes – e por conta do tempo curto – a única saída é apresentar ao cliente soluções rápidas que tragam grandes números de visualizações ou conversões.
Eu acredito verdadeiramente que esse tipo de proposta “atrofiou” uma parte da nossa capacidade de desenvolver conteúdos genuinamente cativantes nos últimos anos. Isso porque nós também somos usuários dessas plataformas e utilizamos muito dela como referência para produzir para os nossos clientes.
Por isso, aproveito a oportunidade para parafrasear um colega de profissão (obrigada, Kevin) que sabiamente comentou sobre como precisamos urgentemente investir tempo no nosso repertório cultural: assistir mais filmes, ler mais livros, visitar mais exposições de arte, apreciar mais espetáculos teatrais.
Tudo isso é extremamente importante para que a gente – e consequentemente os nossos clientes – não precise depender apenas dos algoritmos para crescer. Com uma bagagem de boas referências, não importa se o conteúdo tem 30 segundos ou duas horas, a gente vai conseguir criar uma narrativa envolvente e que gera bons resultados – e de quebra ainda estaremos fomentando o nosso próprio aprendizado também, ou seja, só benefícios!